Sejam Todos Novamente Bem Vindos À Escola Espiritualista Luzes Dos Mundos!
Sendo hoje Quinta-Feira voltaremos a falar sobre a bíblia.
Analisando as traduções de seus originais Hebraico e Grego, sempre olhando através de uma Hermenêutica Judaica, Histórica e Cultural.
No objetivo de retirar o melhor de cada texto e de esclarecer o nosso entendimento em determinados assuntos ou passagem.
Obs: Cristian Adverte.
Esse texto contém conteúdo forte capaz de abalar a fé ou sentimento de alguns.
Peço que apenas leia aqueles que tiver certeza de que suportará a verdade não importando a interferência que isso causará em sua respectiva crença. Obrigado!
Hoje iremos falar sobre:
O que não te contaram sobre A mulher adultera
O que iremos falar hoje, provavelmente você nunca ouvir em lugar nenhum, em nenhum templo religioso ou através de nenhuma pessoa.
Antes de fazer os meus comentários e demonstrar fatos que ninguém contam irei colocar o texto na integra para que todos se recordam da passagem.
O texto abaixo é uma tradução de um grupo de Judeus Messiânicos.
Eu acrescentei algumas explicações entre parenteses para facilitar o entendimento de quem lê.
O texto: João 8
1.Mas Yeshua foi para o Monte das Oliveiras.
2.Pela manhã cedo voltou ao Beit Hamikdash(Templo), e todo o povo vinha ter com ele; e Yeshua, sentando-se o ensinava.
3. Então os professores da Torá e P'rushim(escribas e fariseus) trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio,
4. Disseram-lhe: Rabino, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
5. Ora, Moshe(Moisés) nos ordena na Torá que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois o que diz?
6. Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Yeshua, porém, inclinando-se, começou a escrever(fazer um traço, desenhar, descrever, pintar, gravar, registrar, inscrever, listar soldados,contar, calcular) no chão com o dedo.
7. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que estiver sem pecado atire sobre ela a primeira padra.
8. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
9. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos, ficou só Yeshua, e a mulher ali em pé no meio.
10.Então, erguendo-se Yeshua e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11. Respondeu ela: Ninguém, יהוה. E disse-lhe Yeshua: Nem eu te condeno, vai-te não peques mais.
O texto é muito bonito, trás uma moral extraordinária capaz de deixar qualquer um feliz só no ato da leitura.
Mas será que esse texto está traduzido certo? Será que assim que está no Original?
A má notícia é que esse texto NÃO é de JOÃO e não é um fato histórico ocorrente. Mas sim uma possível parábola que Lucas o Evangelista fizera e que foi colocado no livro de João Séculos depois pela Igreja e não pelo próprio João.
Se trata de uma adulteração descarada colocar no livro de João.
De início as senhoras e os senhores pode achar essa minha afirmação uma infâmia e uma heresia à suposta palavra de Deus.
Mas irei mostrar para vocês sobre o que sustento essa afirmação e vocês entenderão de onde Lucas tirou essa história e qual o verdadeiro fundamento por trás.
Essa passagem não existe em nenhum dos manuscritos Gregos.
Se consultar os códex sinaíticos vocês verão que a partir do capitulo 7 do versículo 52, o texto Grego continua correspondendo-se ao capítulo 8 no versículo 12.
Como um texto continuo, sem a passagem da mulher adultera.
Ela foi inserida.
O Códex do Vaticano também não trás essa passagem.
E nenhum manuscrito do novo testamento tem essa passagem.
Essa passagem só vai surgir a partir do século III,no códex Bezae.
Na bíblia de Jerusalém que é uma das melhores versões que existe comenta no seu rodapé após essa passagem que:
"Esta perícope omitida nos mais antigos documentos (manuscritos, versões e padres da igreja) colocada alhures por outros, deixa transparecer o estilo sinótico e não pode ser de João. Poderia ser atribuída a Lucas (cf Lc21+38).Sua canonicidade e seu valor histórico, no entanto, não sofrem contestação."
Note algumas características típicas do judaísmo e da Torá que tornam esta passagem improvável: Falta o homem que adulterou com a mulher; O julgamento só podia ser feito dentro do templo."
Nesse rodapé eles dizem que essa canonicidade e seu valor histórico não sofre contestação.
Mas é obvio que sofre, pois se ela só veio aparecer séculos depois e demonstra erros históricos que deixa o texto incoerente com a realidade, é uma contestação.
Alguns dados deixa bem claro que ela não é nem histórica e nem canônica.
O mais entranho de tudo é que no estudo de Genebra diz o seguinte:
"Estes versículos não ocorrem na maioria dos melhores manuscritos gregos desse evangelho. Os manuscritos antigos em que esses versículos ocorrem o colocam em lugares diferentes (aqui; após 7,36; após 21,25; após Lucas 21,38; e após Lucas 24,53). A partir de 7,53 e 8,1, fica claro que a localização dessa narrativa não é original, pois Jesus não estava presente na reunião descrita em 7,45-52. Essa evidência sugere que esses versículos não faziam parte do original deste evangelho, mas que provavelmente tem origem apostólica e reproduzem um incidente que, de fato, aconteceu durante o ministério de Jesus."
Mas novamente em Genebra, eles consideram que o fato, o incidente aconteceu de fato.
Mas eu contesto e irei dizer o motivo de contestar mais pra frente.
A Peshitta que é uma das versões mais usadas pelos estudiosos, eu tenho duas versões dela, considera três situações:
1-Sim, é inspirada
2-Sim, é inspirada mas não pertencia ao evangelho de Yohanan mas sim as boas novas dos Hebreus (como era chamado o evangelho de Mateus)
3--Não, é um acréscimo posterior
Agostinho um dos principais pais da igreja, bispo de Hipona em torno do século terceiro elaborou a teoria que os homens eram a favor de punições severa em caso de adultério feminino e não viam a história com bons olhos então para defenderem os seus desejos de apedrejar as mulheres removeram a tal passagem de diversos manuscritos.
Isso faria muito sentido sim, pois sabemos o tamanho da conveniência em os homens antigos e ainda hoje tem quando se trata de manipular os textos sagrados, Vide as igrejas.
Shaul Bent Sion, um dos mais importantes tradutores da Peshitta que citei a cima, acredita que a passagem da mulher adúltera pertencia na realidade ao livro de MAtitiyahu dos nazarenos.
Porque Eusébio parece indicar que Matitiyahu Hebraico continha tal narrativa.
O pai da igreja papias(não gosto dele) trás também uma outra história sobre uma mulher acusada de muitos pecados perante o senhor, que as boas novas dos hebreus contém(Histórico Eclesiastes Século III, 39,19).
Esse escrito e menção de papias é do século segundo. Isso reforçaria a originalidade dessa história.
Essas duas primeiras teorias seria baseada em alguns relatos históricos datando dos séculos segundo e quarto porque fazem menção da história da mulher adúltera, invocando-o inclusive para construir argumento.
Uma outra probabilidade aceita pela maioria dos teólogos e estudiosos, inclusive eu, modernos é que a tal passagem passa apenas de uma adição posterior, uma vez que não figura em nenhum dos manuscritos mais antigos.
Alguns comentaristas dizem que essa passagem fora criada na igreja no século IV, para evitar que as mulheres fossem apedrejadas.
Tudo isso porque o estilo literário e a crítica textual deixa bem claro que a autoria não é de João. Aproximando mais da escrita e estilo literário de Lucas.
Logo sabemos que é bem provável que quem escreveu foi Lucas e que a tal passagem foi escondida por um tempo pelos partidaristas e pela igreja para defenderem seus interesses de apedrejamento.
Considerando que em cada documento posterior aos séculos primórdios, a passagem aparecia em um livro diferente.
Tentando assim eles encontrar uma melhor maneira de encaixar a história, na pretensão de que seja considerado um fato histórico.
O Fato de ser escrito por Lucas não significa que é um Fato histórico, podendo ser uma simples crônica de algo que aconteceu de outra forma ou uma fábula com conteúdo moral que ele tenha criado com a figura de Jesus, considerando o seu caráter justo e bom.
O que nos leva a acreditar que não é um fato histórico é os seguintes fatos senhores e senhoras:
Na passagem que temos na nossa bíblia, os fariseus tentando testar Jesus, traz uma mulher que foi pega em ato de adultério, e dizendo ele que na lei de Moisés estava escrito que precisava apedrejar a mulher pelo seu ato.
Mas um fato não observado é que na lei de Moisés se uma mulher fosse pega em flagrante, não era só a mulher que deveria ser apedrejada, mas também o homem que com ela adulterou.
"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" Lv 20,10
A passagem estaria em contradição à Torá, sendo que os fariseus sabiam a Torá escrita e oral decorado, e querendo fazer um teste em Jesus não iriam cometer um erro que viola a própria Lei. Afinal Jesus poderia acusar eles do tal erro.
Estava conversando com dois amigos Judeus ortodoxos e eles apontaram vários erros históricos e culturais na passagem.
Alguns dos erros são:
- Falta o homem que adulterou com a mulher.
- Esse julgamento no século que foi, só poderia acontecer dentro do templo.
- Os fariseus não poderiam apedrejar ninguém na época.
- Não existia pedras soltas dentro do templo e nem átrio para apedrejamento.
- Dentro do templo não havia areia.
E tantos outros fatos que contradiz fatos históricos.
Todas as alegações Judaicas estão sustentadas pelo Talmud Judaico.
Engraçado também porque no capítulo anterior diz que todos tinham ido para casa.
Então eles voltaram?
Não existe demarcação que passou dias.
Fortalecendo a ideia de que não é um fato histórico.
Acredito eu que foi uma fábula, uma crônica escrita por Lucas, com objetivo pedagógico e doutrinário se baseando na pessoa de Jesus e na sua moralidade como mestre.
Um outro fato interessante também é que a frase que supostamente Jesus disse, " Aquele dentre vós que estiver sem pecado atire sobre ela a primeira padra.", é uma adaptação de uma citação de Buda, Sidarta Gautama.
Mesmo concluindo que a passagem não é de João, mas de Lucas e que possivelmente não é um fato histórico, o valor ético moral, o conteúdo transformador, a mensagem de perdoar e não fazer Julgamentos, ainda continua sendo bela e merece total respeito de nossa parte.
Devemos aproveitá-la para a nossa reforma moral. E não desprezar.
Um outro fato interessante é que além de ter uma citação de Buda, o fato de não fazer Julgamentos de nenhuma espécie era já um conceito Taoista e do Budismo Zen(mistura de Taoismo com budismo).
Uma das principais base dessas crenças é não Julgar para não ser Julgado.
Não fazer nenhum tipo de Julgamento nem em pensamento.
Sendo estas crenças bem anteriores a de Jesus.
Bem provável que Lucas sendo influente, um médico,conhecedor de Letras, tenha ouvido ou lido estas histórias e adaptou para Jesus em outro contexto.
Desta forma, deixando ainda mais belo a história de Jesus, pois demonstra que a mensagem de Jesus não é oposta a mensagem dos outros mestres que passaram pela terra como Buda, mas sim uma outra maneira de dizer a mesma coisa.
Assim abrindo porta para todos nós, mesmo de religiões diferentes, possamos dar as mãos e lutar pelo mesmo ideal. E não fazer mais guerras em discussões com persuasão de definir qual crença está mais correta do que a outra.
Vamos dar as mãos.
E para encerrar eu também gostaria de dizer que a seguinte criação de Jesus: "E disse-lhe Yeshua: Nem eu te condeno, vai-te não peques mais." - novamente se une ao Taoismo e o Budismo zen, pois nem Jesus julgou. Ele não fez medida do erro dela. Deixou que a própria consciência dela cuidasse disso.
E quando diz: Vai e não peques mais, é lindo pelo fato de que a palavra Pecado em Hebraico o termo " חטא - chet " significa Errar o Alvo.
Qual o alvo? No caso os mandamentos da lei que a mulher vivia.
Para ela não errar o alvo, só basta acertar, obedecer os estatutos.
Logo o pecado não é algo de morrer. Mas sim um simples erro do alvo.
Espero que esse texto tenha servido de reforço moral ético.
Não temos a pretensão de tirar a fé de ninguém e nem tão pouco desviar ninguém de alguma religião.
Apenas acreditamos que a verdade precisa ser dita e demostrar que com a verdade verdadeira o brilho é muito maior.
E sobre as obras Psicografadas que relatam essa passagem?
Elas não perdem o valor.
Alias o conteúdo moral, a parte transformadora do texto existe independente se seja um fato real ou não.
Os espíritos que psicografaram a tal passagem, comentando sobre o veredito, acreditam também que a história era real.
Porque não é porque o espirito esta fora do corpo que ele se torna um gênio conhecedor de tudo.
O seu avanço moral e intelectual continua o mesmo, até que ele expanda gradualmente assim como nós que ainda habitamos nessa carne.
Espero que todos tenham entendido.
Grande abraço a todos.
Namastê
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