quinta-feira, 3 de julho de 2014

O inferno realmente existe?

Namastê!

 Sejam Todos Novamente Bem-vindos A Escola Espiritualista Luzes Dos Mundos!

 Nesta Quinta-Feira de hoje, novamente voltamos para falar sobre Bíblia.

 Sempre usando os textos do original, analisando os erros de tradução e de interpretação dos textos.
 Sobre tudo dentro de uma lógica racional e uma ótica Hermenêutica Judaica. 


Hoje iremos falar sobre:
 "O inferno realmente existe?"




Dentro das crenças cristãs tradicionais é mencionado um famoso lugar de condenação para as almas que não se salvarão.
  
 Já quando adentramos em uma crença oriental, como por exemplo o Budismo, Taoismo, Hinduísmo e etc... Não vemos em momento nenhum mencionar este lugar que causa medo nas pessoas.

 Já para o espiritismo o inferno não existe como as outras denominações cristãs mencionam. Mas sim um estado de Consciência.

 Mas enfim, quem está correto?

 O inferno existe de verdade? De onde provém esta crença?
Devemos acreditar no inferno? 
 Existe a palavra inferno na bíblia?
  A palavra inferno foi traduzida certa? 

 Exatamente sobre isto que iremos desenvolver o texto de hoje.

 Iremos responder todas estas perguntas, e fazer você entender tudo isso de uma forma totalmente diferente do que é ensinado pelas igrejas cristãs.

 Tudo dentro de uma Hermenêutica Judaica, lógica e etimológica.


 Primeiro de tudo, precisamos voltar no tempo, fazer uma viagem mental para os anos patriarcais e para Israel.
  Vamos entender como tudo começou.

 A primeira menção  para o "suposto" inferno é o termo  em Hebraico "שאול" que transladado seria "Sheol".

 Mas será mesmo que Sheol é a mesma coisa que inferno, como foi interpretado?  

 A resposta é Não.

O termo Sheol é pronunciado "Sheh-ol" que é o túmulo, cova ou abismo.

A origem do termo é ainda um mistério.

 Uma boa teoria sobre, é que Sheol é conectado ao "ša'al" como raiz que seria "Enterrar". Se assim for, estaria ligado ao termo "šu'al" que seria Raposa ou enterrador.

 Um herege estudioso norte Americano, o Dr.William Foxwell Albright, acredita que o termo SHE'OL teria sua raiz o termo SHA'AL, que significa "Perguntar, interrogar, questionar".
 Em coerência com esta interpretação o pesquisador John Tvedtnes, um grande estudante da bíblia conecta isto ao tema "Experiência da proximidade da morte". 
 Seria a interrogação da alma após cruzar o túnel.

 Quando recorremos a famosa Enciclopédia Judaica, consideram que: " Com o corpo no Túmulo permanece conectada a alma(como nos sonhos), os mortos enterrados em covas familiares continuam a ter comunhão.

 Os sinônimos relacionados a palavra Sheol São: poço(Bor), cova profunda (abaddon Shahat) e Abismo (tehon).

 Alega os Rabinos e grandes estudantes de história Judaica e na Kabala Judaica entre outras literaturas importantes dos Hebreus a definição de Sheol é:

 " Um lugar de purificação espiritual. Um local distante do céu. "

 Seria equivalente ao purgatório relatado pela Igreja Católica.

 Isto já distancia complemente da visão de inferno eterno que
 "a igreja inventou".

Dentro das crenças antigas do povo hebreu, o período de Purificação é limitado apenas para doze meses e cada sábado é excluído alguém da punição ou purificação. Após isto, ou a pessoa vai para um paraíso, ou ela retorna a terra em um novo corpo(a roda das almas). Existia sim naquela época uma parte que acreditava-se que se a alma fosse muito má, ela poderia ser destruída se não conseguiu recuperar-se.
 A alma deixaria de existir.

  Se perguntar para um Judeu se "Sheol" é o inferno, eles dizem que não. Completam dizendo que o Inferno não existe na crença deles.

A propósito, dentro das crenças patriarcais dos Hebreus do passado, todos os mortos  passavam pelo Sheol. Até mesmo grandes profetas como foi o caso de Samuel, no fenômeno da Pitonisa de Endor.

 Em I Samuel 28:11 e 15, onde relata-se a "subida" do espírito para se comunicar com pitonisa, dando a ideia de que o seu espírito estava embaixo.
 Provavelmente no Sheol.


 Os anos se passaram, e se criou a versão em Grego  da bíblia Hebraica, na antiga Alexandria por volta de 200 A.C. 
"A Septuaginta".

 Nesta versão em Grego, traduziram o termo Sheol em Hebraico para a palavra grega "Hades".

 Hades significa Submundo. 
 Precisa deixar bem claro que  a tal tradução não agradou todos os  Judeus e nem tão pouco havia o consentimento de todos os Sábios Judeus da época na tal tradução.
 E exatamente esta não concordância pela tradução para o grego, que levou a Flávio Josefo que foi um Fariseu do Século I, o maior historiador do povo Judeu, escrever a sua coleção de livros em Grego contando a história novamente.
  Alguns se sentiram traídos com a versão Septuaginta.

  O novo testamento por fim, quando foi escrito, já haviam substituído o termo Sheol para Hades, embora muitos rabinos não concordavam com a tradução.
  A necessidade dos Evangelistas  de escrever em Grego, foi o fato que seria a língua mais popular da época e que todos iriam entender.
 Se caso fosse escrito em Hebraico, apenas um número seleto iria entender a mensagem, cujo objetivo era espalhar.
 Em grego não havia o termo Sheol. Logo não poderiam mencioná-lo.

 Assim no Novo Testamento, em muita das partes que foi traduzida, foi como Hades.
 Um recurso literário, que embora não fosse correto, aproximaria do que realmente é.
 Não sabendo eles a confusão que isto iria causar nos anos vindouros.

 Deste modo, assim como Sheol o Hades significa apenas o lugar temporário, para uma morte temporária.

 Podemos encontrar também nos textos em Grego o famoso "Geena".

 O termo "Geena" era usado para fazer analogia a lugar de sofrimento.
 Uma expressão Idiomática com significado cultural e histórico, que jamais deveria ser entendido longe deste contexto.

Geena foi um vale, um local onde alguns politeístas faziam sacrifícios aos seus deuses, queimando crianças vivas e jogando neste local.
 Normalmente estas crianças eram deficientes ou com doenças crônicas. 
  
 Isso era visto como um ato de maldade sem limites. E representava o sofrimento intolerável, para aquele que sofre e para quem assiste.


 Muitos não conseguem entender tais analogias.

 Mas em português também temos as nossas Analogias linguísticas.
 Por exemplo: " Aquela determinada coisa é o "O"..."
  A expressão (é o "O") é uma referência para nós ao orifício anal, dando ideia de algo ruim ou feio.

 Mesmo que a letra "O" não tenha nada a ver com isto, o formato abre espaço para lembrar do orifício anal. Dando uma expressão idiomática.

 Então Geena nada mais é do que uma analogia que normalmente era usada em parábolas, para se referir a um sofrimento incalculável.

 Nada de eterno como a igreja inventou.

 Muitos tradutores na expressão Geena traduziram como "lago de fogo".  Dando uma visão terrorista a uma simples analogia poética.


 Se perguntar para um Judeu conhecedor dos textos em Grego, se Geena e Hades é inferno, eles dirão que não.  Que Geena e Hades são referência a Sheol. Sendo Geena um estado de sofrimento e Hades o local.

Então, de onde provém a palavra "Inferno"?
 Como apareceu nesta história?

 Como já dissemos em várias outras postagens, houve um verdadeiro Truque político nas traduções quando estas foram para o Latim.

  No fim do século IV e início do Século V o bispo Dâmaso I pediu para São Jerónimo traduzir os textos em Grego(Velho testamento e novo testamento) para o latim, para formar a Vulgata.

 Vulgata, para quem não se lembra, é a Bíblia em latim que foi usada por quase todos os tradutores que traduziram para as outras línguas, inclusive o português.

 Para fazer a Vulgata em latim, foi usado apenas os textos em Grego, que em vez de Sheol, já havia sido substituído por Hades e Geena.

 E traduziram em latim Hades e Geena como Inferus. 

 Em latim "Inferus" significa: O que está por baixo.
 O grau comparativo a esta palavra significa: Inferior. Aquilo que é Inferior. Aquilo que não é bom.
 O sinônimo mais próximo é infernus. Que significa regiões subterrâneas. 

 É um Adjetivo.

 Com o decorrer do tempo, a igreja manipulou a expressão dando uma uma nova interpretação da palavra, como se fosse um lugar de castigo eterno para as almas ruins ou almas que não se salvaram.

 Fica claro de entender que o Inferno não é bíblico.
  O inferno é uma manipulação Teológica feita pela igreja dos termos Sheol,Geena e Hades, que não combina com o inferno pregado pela Igreja.

 As traduções para o português por exemplo, como já disse anteriormente, não seguiram para fazer as suas traduções os textos originais, como o Hebraico, Aramaico e grego. Mas sim segue a versão Latina.

 Como mostramos, a versão Latina substituiu em todas as partes os termos Sheol, Hades e Geena como "Inferus" ou "infernus" sem distinção alguma. Como se fosse tudo a mesma coisa.

 Podemos ver as Versões de João Ferreira de Almeida por exemplo que:

 A palavra Inferno, na versão "Almeida atualizada" aparece 30 vezes, na versão "Almeida corrigida fiel"  aparece 57 vezes, na versão "Almeida revista e corrigida" aparece 47 vezes. Só para vocês terem uma visão de quanto contraditório eles ficaram durante as traduções.


 O problema é que cada palavra desta, como Sheol, Hades e Geena, teria significado e motivo diferente dentro do contexto, e o português "comeu" tudo isso, traduzindo tudo como Inferno sem precedente.

Na versão Almeida, revista e corrigida, a palavra she’óhl é traduzida 28 vezes por “inferno”, 27 vezes por “sepultura”, 5 vezes por “sepulcro”, 2 vezes é deixada “Seol” e uma vez cada, é vertida “terra”, “mundo invisível” e “enterrado”. A versão católica de Matos Soares verte a palavra 34 vezes por “inferno(s)”, 11 vezes por “habitação dos mortos”, 11 vezes por “sepulcro”, 4 vezes por “sepultura”, 2 vezes por “cheol” e uma vez cada por “abismo”, “morte” e “perigos exiciais”. Versões mais recentes transliteram a palavra como “Xeol” ( Bíblia de Jerusalém), “Cheol” ( Bíblia Mensagem de Deus) ou “Seol” ( Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).

 Depois de toda essa bagunça textual, as religiões cristãs que vieram depois desta confusão, inclusive a igreja católica, interpretou que inferno seria o destino das almas que não tiveram uma conduta correta parante Deus e que no fim iria sofrer no inferno.


 O que estes esqueceram é que o Sheol não é apenas um lugar de tormento como acreditam. Pois o personagem Jó por exemplo, desejou se esconder no Sheol, devido o seu sofrimento durante a vida.


A bíblia Fala de tormento Eterno?

 Novamente temos um outro problema sério nas traduções.

 A palavra Eterno não existe em Hebraico e nem em Grego. Sendo assim impossível ser bíblica.

 A palavra Eterno vem do Latim "aeternus" que significa aquilo que não tem fim.
 Esta palavra também foi acrescentada na Vulgata de São Jerónimo. 
 Usaram a palavra Aeternus para traduzir o termo em Grego "αιώνιος" (Aianios).
O grande problema é que Aianios não significa eterno, mas sim "tempo" ; indeterminado, provisório, que não se sabe.

 Logo o tal inferno eterno ou tormento eterno nunca foi bíblico. Mas sim interpretações Teológicas das igrejas com a versão em Latim, a Vulgata.



 Resultado final:

  A palavra Inferno não é Bíblica. Sendo apenas uma "TRAIÇÃO" aos vocábulos em Grego e Hebraico que não têm o mesmo significado.

 Sheol é um lugar para purificação da alma. Um estado que aquela alma passa e que não é eterno. Mas sim uma condição que pode ser mudada.

Segundo Allan kardec e a codificação da doutrina Espirita, Céu e Inferno são estados de consciência daquele espírito.



  O espaço Geográfico perturbante, é criado pelas almas que estão em perturbações interiores(como culpa,medo, raiva, ódio e etc).
 A emanação mental destas almas monta o espaço astral onde é o Sheol da bíblia e para nós Espiritas Umbral. Que nada mais é do que um lugar onde as almas perturbadas vão se purificar até que se melhore para retornar a terra ou se libertar daquele estado, indo para um lugar melhor.

 Sheol e Umbral são apenas nomenclatura para o mesmo lugar.

 Sendo a crença do Umbral um pouco mais lógica e racional se compararmos com a Justiça amorosa de Deus. Pois, respeita o progresso de cada um e que não permite uma alma ser destruída pela demora em se recuperar, mas sim, aguarda o tempo de cada uma.
 E assim todos têm o objetivo de chegar a perfeição. Cada qual em seu ritmo e tempo. 


 Essa é a nossa humilde postagem de hoje.

 Mais uma vez deixo claro que não sou o dono da verdade e nem tão pouco me considero. 
 Mas sim, um estudante da verdade, que busca de forma racional e Hermenêutico estudar cada assunto para retirar o verdadeiro sentido deste presente maravilhoso que Deus permitiu acontecer em nossas vidas que é a Bíblia.

Grande abraço a todos.

 Fiquem todos com Deus, com a luz maior no coração.


Shabat Shalom 

Namastê


6 comentários:

  1. Obrigado pela pesquisa e texto. Eu te encomendaria uma outra pesquisa ainda, já que já está com mão da massa, e se posso te encomendar...rs.. Sobre o Lucifer, que é outra palavra que também, não existe na bíblia e tampouco o conceito e isto é fácil de achar doutores explicando muito bem. Agora, relativo àquele ser que supostamente foi tentar Jesus,quem era aquele cidadão? Obrigado, se puder avisar quando postar agradeço. Grande Abraço. Ótimo trabalho.

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    1. Olá amigo tudo bem?
      Então sobre tudo que falou já tenho pesquisa e texto.
      Confira os textos sobre os assuntos citados:
      Tentação de Jesus, explicação: http://luzesdosmundos.blogspot.com.br/2014/02/tentacao-de-jesus-e-o-coiote.html

      Satanás, demônio, Lucifer e etc : http://luzesdosmundos.blogspot.com.br/2014/04/satanas-diabo-demonio-e-lucifer-existe.html

      Pesquisa sobre Satanás: http://luzesdosmundos.blogspot.com.br/2014/05/quem-e-realmente-satanas.html

      O que realmente é Lucifer: http://luzesdosmundos.blogspot.com.br/2014/07/o-que-realmente-e-lucifer.html

      Isaías 14 anjo caído? : http://luzesdosmundos.blogspot.com.br/2014/07/isaias-14-anjo-caido-ou-queda-do-rei.html

      E dentre outras pesquisas que tenho feito e publicado aqui um resumo. Talvez publicarei um livro sobre o esse assunto. Vai depender muito de um outro fator daqui. Mas muito obrigado pelas dicas. É sempre bem vindas novas sugestões. Confira os textos que disse. Grande abraço.
      Namastê

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  2. Obrigado cara, sou cristão e minha religião me poem muito medo do Inferno, achp isso horrivel

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  3. Só porcaria nesse site...se vc é crente e não acredita que o inferno existe vc vai ter que cortar a bíblia enteira não só uma palavra que aparentemente foi traduzida errada...Jesus disse estreita é a porta que leva para o céu larga é a porta que leva pra perdição

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    1. Ao invés de "cortar bíblia enteira" (acho que queria dizer: Cortar a bíblia INTEIRA), por que não olhar ela como apenas uma coletânea de textos escritos por pessoas que tem suas interpretações pessoais sobre a existência... sobre Deus... sobre a vida... e que foi totalmente manipulado e traduzido erroneamente levando a criação de sistemas de crenças não coerente com a realidade última?
      Eu poderia excluir o seu comentário [[[enteiro]]], mas resolvi deixar ele aqui para você passar vergonha.

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