quinta-feira, 17 de julho de 2014

O que realmente é Lúcifer?

Namastê!

 Sejam Todos Novamente Bem Vindos À Escola Espiritualista Luzes Dos Mundos!

 Sendo hoje Quinta-Feira, voltaremos a falar sobra a bíblia.
 Neste nosso trabalho de analisar os Erros de tradução e de interpretação dos textos.
 Não no objetivo de apontar os erros dos outros, mas sim de limpar todos os dogmas impostos por homens e entender a verdadeira mensagem dos textos.
 Sempre olhando tudo dentro de uma hermenêutica Judaica, sobre tudo em uma ótica de razão.


Hoje iremos falar sobre: O que realmente é Lúcifer?




Antes de começar, algumas perguntas:

A palavra Lúcifer está na bíblia?
O que significa este termo?
 Porque está na bíblia? Lúcifer é anjo caído?


A palavra Lúcifer não está nos textos originais em Hebraico e nem em Grego, sendo ela de Origem Latina e os textos bíblicos Hebraico, Aramaico e Grego.

 A palavra Lúcifer como já conversamos em outras postagens vem do termo Latim Lux ou lucis + Ferre ou ferrus.


  No século XI, como já cansamos de dizer, o Bispo Dâmaso pediu para Jerónimo (Eusébio Sofrônio Jerônimo) fazer a tradução dos textos em Grego para o Latim, fazendo a Famosa Vulgata em Latim.
 E o termo Lúcifer aparece umas Seis vezes nesta versão, Vulgata.
 A palavra Lúcifer significa literalmente Portador de Luz, mas foi usada para fazer uma analogia a uma mitologia onde significaria estas palavras como Luz Decaída e luz que caiu.  Que nada mais era do que comparações Alegóricas com deuses de mitologias Pagãs-greco-romanas.
 E nem sempre foi usada para se referir ao Anjo caído.
 Essa palavra antes de ser usada como Substantivo para o "Anjo Caído", era um nome comum, normal e sem pretensão.
 Logo, o nome não tinha nada de Diabólico quando foi criado.

O que nos dá a certeza de que o nome Lúcifer originalmente não é de origem Diabólica, é que em alguns escritos antigos da igreja, encontramos no Século IV, um Bispo Católico chamado 
"Lúcifer de Cagliari".

  Podemos encontrar sobre ele, se buscar a história de Arius, onde foi também um bispo Católico, que lendo alguns textos do Cristianismo Primitivo concluiu que Jesus não era Deus e nem tão pouco nascido de forma milagrosamente, quebrando assim a Trindade.
 Lógico que as suas ideias revolucionárias não tiveram espaço na igreja e ele foi abafado.

 Quando Jerónimo traduziu a bíblia do Grego para o Latim, ele traduziu algumas expressões do Hebraico e do Grego para Lucifer. Abriu desta forma, espaço para a Igreja suscitar uma crença Paga-greco-romana, de anjo caído ligando a algumas passagens, especificamente Agostinho.

 Santo Agostinho  no Século V, bem no início da idade Média, lendo algumas mitologias Pagãs-greco-romanas, ligou este termo a algumas passagens bíblicas. As suas interpretações teológicas sobre o texto.
 Ele juntando as peças de alguns texto que ele entendeu e lendo algumas mitologias pagãs-greco-romanas, criou a Fábula da Revolta dos Anjos Contra Deus e depois disto uma queda.
  Dentro de sua interpretação Teológica, havia um Anjo Chefe da Rebelião.
 Alguns bispos e padres depois da tradução de Jerónimo, começaram a dizer que Lúcifer seria o tal Chefe da Rebelião.

 Santo Agostinho não sabia Hebraico, apenas Grego e Latim. A história que ele ligou é uma interpretação Teológica pessoal, mas foi aceito pela igreja como verdade bíblica se popularizando.
 Hoje, por mais absurdo que seja, a maioria dos Cristãos acredita que esta história de anjo caído é bíblica, como se Lúcifer fosse o nome pessoal do anjo chefe da rebelião.
 Tudo isto porque não sabem eles que Lúcifer foi colocado no texto por Jerónimo.

 O mais "fantástico", é que todas as partes que Agostinho entendeu como referência a anjo caído que não é Crença dos Hebreus mas sim pagã, não está falando nada de anjo caído.
São todas analogias a outros assuntos, outras mitologias, sobre tudo, persas. 

 Quando Eusébio Jerónimo traduziu os textos para Latim, A VULGATA, isto no Século XI,  os outros padres e bispos já estavam influenciado pela crença de anjo caído criada por Santo Agostinho.
  Embora, provavelmente, Jerónimo não concordasse que as passagens se referissem a anjo caído.
  Mesmo assim foi obrigado a traduzir todas as partes que Agostinho tinha entendido que se tratava de anjo caído, por Lúcifer. Devido a poucas escolhas Lexicais do Latim em relação ao Grego e Hebraico.


 A igreja divulgou que Lúcifer é o príncipe dos anjos caídos, pela mitologia de Agostinho. 
  É claro que ninguém se atreveu em interpretar Lúcifer de outra forma, afinal a igreja tinha poder e também pelo fato de que depois da tradução em Latim, A VULGATA, apenas os Papas, Bispos e Padres poderiam ler a bíblia.
 Talvez por medo de as pessoas perceberem toda esta confusão.


 A verdade é que a história divulgada e semeada pela igreja nunca foi crença dos Hebreus/Judeus, eles nunca acreditaram em uma história real de anjo caído.

 Mas eu busquei minuciosamente na história do Povo Hebreu se em algum momento existiu alguma história, mitologia ou folclore de alguma rebelião de Anjos e uma possível queda.

 Por minha surpresa eu encontrei!


 Existe uma mitologia Hebraica que relata uma Queda de Anjos. Está no Livro de Enoch(Enoque).

 Antes de falar da mitologia precisamos de entender:

 Quem é o personagem Enoque? O que é o livro de Enoque?

 Enoque segundo a "mitologia" viveu na era Patriarcal antes de Noé.
 Segundo a "Mitologia" ele foi a sétima Geração de Adão.
 E ele foi um homem muito justo a Deus. Um homem no qual Deus se agradava muito.
 Ele chegando ao fim de sua vida, Deus não deixou que morresse,  arrebatando-o, que quer dizer também "Levado rapidamente", para que não experimentasse a morte.
 Este fato é citado no Bereshit(Gênesis em Hebraico) no Capítulo 5:22-24.
  Ele foi transladado para os céus segundo alguns amantes da história, para não sofrer o Dilúvio. Seria uma maneira de Deus poupá-lo.

 Os grandes sábios que interpretam a Torá, ou seja, aqueles que sabem usar o terceiro e quarto nível de interpretação,  e os Cabalistas profundos dizem que O Bereshit(Gênesis) até o capitulo 9 é um conjunto de metáforas simbólicas e que não se deve ser entendido como fato histórico. Mas sim, como mitologia ou Alegoria.

 Aqueles que usam o primeiro e segundo nível para ler a Torá apresentam muitas dúvidas para entender a história de Enoque e também duvidam da existência dele.
 Tudo isto porque o tempo de vida que Enoch(Enoque) viveu, é muito inferior ao Tempo de vida dos Patriarcas, contemporaneamente a ele.
 Nem aqueles que acreditam que o Bereshit inteiro são dados históricos, conseguem engolir a parte de Enoque.

 Para o primeiro grupo, aqueles que conseguem entender que o Bereshit até o 9, é apenas um conjunto de Metáforas, uma Alegoria, interpretam dizendo que a mensagem passada na pequena parte que menciona Enoque, quer dizer que A Sétima geração sempre é abençoada.
Sendo que Enoch seria a Sétima Geração depois do personagem mitológico Adão.
 A mensagem do livro, seria mostrar que após um ciclo(numero sete é indefinido dentro dos textos cabalísticos) de reencarnações, a criatura estaria perfeita, sem mancha alguma, podendo voltar a Deus, sendo "arrebatado" que quer dizer também "Levado rapidamente".

 Porque toda Fábula tem o objetivo de passar uma mensagem para quem está lendo. Esta seria a mensagem, segundo estes estudiosos.

 Já o Livro de Enoque não foi escrito pelo Enoch, até porque, é uma fábula, não seria possível um personagem de uma Fábula escrever a própria história.
 O Livro de Enoque foi Escrito no Século II A.C.
 Depois da volta do cativo da Babilônia, alguém que não se identificou, escreveu o livro para passar uma ideia, uma mensagem ou um ponto de vista.
 Isso era muito comum. 
 Vários livros foram escritos nesta época, após o Exílio com este propósito, como o livro de Jó, o Livro de Ester, De Jonas e entre outros.
 Todos estes livros que foram escritos depois do Exílio, usavam personagens que foi citado em algum período e usava-o como personagem de uma nova história. Seria uma maneira de relembrar a tal passagem da Torá. 

 Neste livro de Enoch(Enoque) trata-se de uma fábula, no qual, o personagem Enoque estaria narrando algumas profecias e paralelamente alguns dados de sua vida.

Neste livro é relatado em um gênero literário de Fábula, uma história onde 200 anjos, apaixonaram por mulheres comuns da terra. E estes escolheram "VOLUNTARIAMENTE" abandonarem os céus e descer à Terra pra serem seus Maridos.
 No livro, Deus não aprova a escolha deles, e enviou cinco Arcanjos para encontrar estes da rebelião amorosa, e prendessem em lugares remotos da terra, onde esperariam ser julgados no fim de todos os tempos.

O livro de Enoch(Enoque) é citado no novo testamento na Epístola de Judas no seu único capitulo, nos Versos 14 e 15.
  Judas usa o nome Enoch(Enoque) como recurso Pedagógico de demonstrar um bom exemplo.


 A curiosidade é que neste livro de Enoch NÃO aparece o nome Lúcifer e nem heilel(nome que foi traduzido em algumas partes por Lúcifer).


 Logo, em nenhuma época da história do Povo Hebreu/Judeu, eles acreditaram na história de Lúcifer, até porque nem conheciam este nome.
 A única "fábula" do povo Hebreu que diz sobre queda de Anjos, é este livro de Enoque que nem se quer é relato histórico, mas sim Uma Crônica narrativa.


  Logo, o nome "Lúcifer" não se trata de anjo Caído como prega as religiões.

 O termo Lúcifer não se originou da história de anjo caído, mas sim de uma tradução de Jerónimo que mais tarde foi ligada a uma história reconstruída por Santo Agostinho de mitos Pagãos-Greco-Romanos.

 Logo o termo foi totalmente mal-entendido, sendo convertido em um verdadeiro Dogma da igreja que não tem Base real nos textos Originais.

 A primeira palavra que traduziram como Lúcifer é o termo em hebraico
"הֵילֵל " Que transliterada é Hêlêi ou Heylel.
 A única vez que ele apareceu no Tanach(velho testamento em Hebraico) é no Isaías 14:12 que iremos conversar na próxima postagem.

 A palavra Hêlêi significa: O brilhante, luminoso, Estrela da manhã,... e não se trata de anjo caído. Mas sim uma analogia ao Planeta(estrela) Vênus e uma comparação a uma crença de um deus pagão. 
(Iremos falar melhor sobre este caso do Isaías 14 na próxima postagem).

  Já no novo testamento, a septuaginta, as traduções são ainda mais complexas. 

 Já em Grego, a palavra que traduziram como Lúcifer é o termo Grego "Heosphoros", que significa: Levar a luz. Representando o portador de Luz. Em alguns casos é uma analogia ao planeta Vênus, devido ser visível antes do Alvorecer, assim como o termo heylel.
 A raiz da palavra significa "Brilhar"

 Se na bíblia em Hebraico a palavra Heylel aparece apenas uma vez,  na bíblia VULGATA Latina, traduz como Lúcifer diferentes expressões. Veja elas:

1 - A palavra "lúcifer" aparece em Jó 11:17 em Latim, referindo-se ao amanhecer.
2- A palavra "lúcifer" aparece em Jó 38:32 em Latim , referindo-se à estrelas.
3 - A palavra "lúcifer" aparece em Salmos 110:3 (Na Nova Vulgata Apenas), referindo-se ao amanhecer.
4 - A palavra "lúcifer" aparece em 2 Pedro 1:19 em Latim , referindo-se, por incrível que pareça, a Jesus!
5. Aparece lúcifer em Isaías 14:12 em Latim , fazendo uma analogia entre um mito pagão e o Rei da Babilônia.

 Isto na tradução de Eusébio Jerónimo, A VULGATA.

 Logo Jerónimo não entendia o termo Lúcifer por algo ruim e nem tão pouco era para ele um nome próprio desta mitologia. 

 Percebem que na quarta observação Jerónimo traduz do Grego o termo Heosphoros por Lúcifer, e o texto estava se referindo a Jesus.
 Jerónimo sabia que o termo Heosphoros não era referência ao anjo caído.

Quais conclusões chegamos com esta postagem:

1. Ficou claro que o termo Lúcifer não foi criado para citar o Anjo caído.
2. O termo Lúcifer não está na bíblia, apenas nos textos em Latim(VULGATA).
3. O povo Hebreu nunca acreditou na história de anjo caído que vemos hoje, apenas na "mitologia" de Enoque, que não é considerado dado Histórico, mas sim, fábula Mitológica(froclori)
4. A palavra Lúcifer não é algo ruim, tem ligação com brilho, luz...
5. Lúcifer não é nome próprio.
6. O termo lúcifer foi convertido em algo ruim depois das interpretações teológicas de alguns pais da Igreja Católica Romana. 



 Essa é a postagem de hoje.
 Espero que todos tenham entendido e me acompanhado no raciocínio.


Aqueles que desejarem, podem conferir os outros textos deste assunto:


Satanás, Diabo, demônio e lúcifer existe?
Quem é realmente Satanás?
O Livro de Jó não fala de Anjo caído
Ezequiel 28 fala de Anjo caído?


 Semana que vem, provavelmente iremos falar sobre Isaías 14, irei mostrar que o texto não fala de Anjo caído, mas sim de uma queda de um Império, assim como em Ezequiel 28.

 Grande abraço a todos.

Shabat Shalom


Namastê

Um comentário:

  1. É través destes estudos que nos podemos tira nossas conclusões, a respeito deste texto.
    Agradeço por vc nos esclarecer .

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